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A parábola do rico e Lázaro (Lucas 16:19-31)

Radio Advento | 7:03 AM |

Este trabalho exegético[2] tem como objetivo uma interpretação bíblica da controvertida parábola do rico e Lázaro, de acordo com os parâmetros divinos, e não com as ideias engendradas em cogitações humanas.

O assunto da parábola do rico e Lázaro é questionada por muitas pessoas. Portanto, devemos entender corretamente o que Cristo quis ensinar através dela. Esse era um método muito utilizado por Jesus para transmitir as verdades eternas de maneira simples e natural, já que as parábolas eram perfeitamente adaptáveis à mentalidade do povo judeu. O que é uma Parábola?

Para a boa compreensão deste assunto é necessário saber o que esse termo significa. A palavra parábola provém do vocábulo grego “parabolê”, que literalmente significa, “colocar ou atirar ao lado”, mas que hoje significa “comparação ou ilustração”, visando ensinar-nos uma verdade. Em outras pala vras, é o emprego de circunstâncias comuns do dia-a-dia para ilustrar verdades religiosas.

De acordo com o dicionário, parábola é uma narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta por meio de comparação ou analogia. Notemos bem que sendo uma alegoria, não pode ser real ou literal.

Propósito das Parábolas

Este método foi usado por Jesus por ser mais fácil através dele fixar na memória uma verdade, do que por outros processos didáticos. Por ser mais eficiente esse ensino, as mais profundas mensagens religiosas fo ram expressas em linguagem parabólica.

W.G.C.Murdoch, ex-diretor do Seminário na An drews University, escreveu no livro A Symposium on Biblical Hermeneutics, pág. 219 o seguinte:

“O propósito da parábola é ensinar por comparação, analogia e ilustração. Jesus, o maior professor, empre gou este método com grande sucesso. Ele usou parábolas para expor profundas verdades espirituais. Ele contou histórias da vida real para esclarecer os seus ouvintes sobre o verdadeiro significado da vida. Essas apre sentavam lições que explicavam os mistérios do seu rei no. Jesus não estava preocupado com a proposição de problemas. O propósito fundamental de suas parábolas era conseguir um compromisso dos seus ouvintes para entra rem nesse reino. Por isso é que muitas parábolas são uma exposição do valor do reino do céu. Ele estava mais an sioso para revelar mistérios desse reino do que escon dê-los”.

“Veja, por exemplo, a parábola do homem rico e Lázaro, muitas vezes mal compreendida e mal interpretada. Essa história é frequentemente citada para provar o conceito popular da inata imortalidade da alma e dar-nos um lampejo da vida futura. Nessa interpretação, as al mas dos bons, supostamente, entram em eterno gozo, ao passo que as dos ímpios entram em eterno castigo. Se essa interpretação fosse literal, o abismo entre o céu o inferno é demasiadamente grande para as pessoas atra vessarem, porém suficientemente pequeno para que pu dessem conversar através dele. Na realidade Jesus esta va usando aqui um argumento em que seus ouvintes criam, mas que ele não endossava” Idem, págs. 220—221.

O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. V, pág. 204, nos apresenta sete prin cípios fundamentais na interpretação de parábolas. Dada a sua oportunidade para este assunto em tela, eles serão aqui transcritos:

“No estudo das parábolas de Jesus é muito importante seguir princípios corretos de interpretação. Esses princípios podem ser brevemente sumariados como seguem:

1º) “Uma parábola é um espelho pelo qual a verdade pode ser vista; não a própria verdade.

2º) “O contexto no qual é dada a parábola – o lugar, as circunstâncias, as pessoas diante de quem ela foi proferida, e o problema em discussão devem ser considerados e utilizados como chave para a interpretação.

3º) “A própria introdução e a conclusão de Cristo à parábola, de modo geral, deixam claro o seu propósito fundamental.

4º) “Cada parábola ilustra um aspecto fundamental de uma verdade espiritual. Os pormenores de uma parábola são significativos apenas como contribuição para o es clarecimento de um ponto particular da verdade.

5º) “Antes que o significado da parábola, no campo espiritual, possa ser compreendido, é necessário ter um quadro claro da situação descrita na parábola, nos ter mos dos costumes orientais, peculiares de pensamento e expressão. As parábolas são vívidos quadros verbais que devem ser vistos, assim como foram faladas, a fim de que possam ser compreendidos.

6º) “Em virtude do fato fundamental, de que uma parábola é dada para ilustrar a verdade, e comumente uma verdade particular, doutrina alguma pode ser baseada em minudências incidentais de uma parábola.

7º) “A parábola, no seu todo ou em parte, deve ser interpretada nos termos da verdade que se deseja ensinar, como exposta em linguagem literal no contexto ime diato e noutros lugares da Escritura.”

John Davis, no Dicionário da Bíblia, pág. 444, es creveu: “A interpretação das parábolas exige um estudo cuidadoso das circunstâncias em que foram preferidas e da doutrina, ou argumentos que elas tinham em vista.”

Para nossa melhor compreensão nesse assunto, as pa lavras de A. Almeida, encontrada no livro Manual de Hermenêutica Sagrada, pág. 76, são oportunas:

“É principio geral de interpretação que a nenhum texto se pode dar um sentido contrário ao ensinamento geral e claro das Escrituras sobre o mesmo assunto. Os passos mais obscuros interpretam-se pelos mais claros; a linguagem simbólica ou metafórica se esclarece pelo ensino explícito do mesmo assunto em linguagem literal”.

É Este Relato uma Parábola?

Os estudiosos estão divididos neste assunto, uns acentuando como fato histórico e outros como parábola. Os adventistas consideram-na uma parábola e estão bem assessorados, desde que a maioria pensa dessa maneira.

Bloomfield declarou com segurança: “Os melhores co mentadores, tanto antigos, como modernos, com razão consideram-na uma parábola”.

O Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 8, pág. 831, menciona o fato de que o antigo manuscrito a chama de parábola.

“Muitos têm afirmado que esse relato de Cristo não é uma parábola, pelo fato de ele não ter mencionado co mo tal. Essa declaração é improcedente, desde que há outras parábolas, aceitas como parábolas, sem que Jesus as mencionasse como pertencendo a este gênero literário (Lucas 15:8 e 11; 16:1).”

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